segunda-feira, 20 de junho de 2011

Sobre a PM na USP

   Assaltos frequentes dentro do campus, seqüestros - relâmpago, agressões contra pedestres , violência sexual, e morte de um estudante em uma tentativa de assalto. Fica difícil dizer que não estamos diante de um problema (um grande problema). Mas seria este problema uma novidade? A USP nos últimos anos foi palco de diversas ondas de violência. Diante destes fatos a reitoria não havia se proposto a tomar uma posição. Depois do lamentável caso da morte de um estudante no campus o reitor João Grandino Rodas decidiu instalar bases da polícia militar dentro do campus após uma campanha da imprensa de que a USP é “terra sem lei”.
  Se fala cotidianamente na mídia a respeito de aumento da violência, mas em geral mais com sede pelo escândalo do que buscando suas causas. Sabemos que a violência permeia cada vez mais a sociedade como um todo. Deveríamos encarar casos como este como um problema único da USP? Fecharemos os olhos para o fato de que estamos vivendo em um País onde violência e desigualdade social sempre caminharam juntas e estão no topo dos rankings internacionais? . 
  Depois da morte de um estudante, a despeito de toda a falta de debate na universidade, a imprensa e a reitoria procuraram apresentar a militarização como a solução legítima e discutida. Encobrem o fato de que a decisão foi exclusiva da reitoria. Apenas criaram a aparência de que houve discussão. Nos órgãos de decisão da USP, a maioria da comunidade acadêmica está completamente excluída de qualquer debate oficial.  Não houve nenhum debate profundo e nem uma consideração mais abrangente sobre a questão, o que é reflexo do fato de que uma minoria decide por toda a universidade. O governo unipessoal da reitoria indicado pelo Governo do Estado dá a última cartada e é referendado por seus órgãos restritos e antidemocráticos.     
  No último dia 2 de junho foi realizado um debate no anfiteatro do Biênio, na Escola Politécnica, promovido pelo DCE, única atividade feita por esta entidade relacionada ao assunto. Sua diretoria, no entanto, chegou a declarar no próprio debate que se recusa a convocar uma assembléia para discutir a questão. Impedem os estudantes de discutir uma pauta de primordial importância naquele que é seu único espaço de decisão e democracia. Acabam na prática apoiando a “solução” da reitoria: PM no campus. Pôde-se ver pelo próprio debate realizado, que o que está sendo imposto com aparência de “vontade comum” da universidade está longe de representar os anseios da comunidade universitária de conjunto.  Ali foram citadas diversas soluções, que não a solução policial, e que não são nem um pouco irreais ou meramente idealistas.
São propostas totalmente viáveis (talvez mesmo simples) e potencialmente eficazes e que nunca foram implementadas pela reitoria (provando que o raciocínio segundo o qual segurança = polícia não está acima de qualquer crítica) e quão demagógica é esta defesa da presença da PM no campus para dar segurança a seus alunos.
  Evidentemente, o maior argumento contra o estabelecimento da polícia militar na USP vem do movimento estudantil, sindical e parte dos professores. Essa oposição vem sendo divulgada na mídia como uma atitude daqueles que realizam, no campus, “atividades ilícitas”.
  Sabemos que esta é a posição do reitor João Grandino Rodas, a  mesma que favoreceu as cenas de repressão no campus em 2009, que propôs no Conselho Universitário na época a “legalização” da invasão da Tropa de Choque na USP pela primeira vez depois da ditadura militar.
  Diante da necessidade de se discutir a questão, de modo a chegar a uma solução que concilie segurança e liberdade da comunidade universitária em geral, garantia de proteção ao cidadão assegurando o seu direito de reivindicação sem nenhum constrangimento achamos que esta solução está longe de qualquer política defendida por este reitor com a militarização da universidade. Propomos trazer o debate para mais perto dos estudantes da USP e por isso marcamos uma nova discussão. Reivindicamos também a imediata realização de uma assembléia geral de estudantes.

COMITÊ PELA LIBERDADE DOS MOVIMENTOS DE REIVINDICAÇÃO

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